ALGORAB – O CORVO.
Algorab é uma estrela fixa que está alinhada aos 13 graus e 27 do signo de Libra, e situada na constelação do Corvo, sua magnitude é 3.0, ela fica na asa direita do corvo na constelação. Ela é uma estrela binária, sendo a Delta dessa constelação - Algorab, vem do árabe (غراب أسود – ghurab 'aswad ou al-ghuraab que significa: Corvo).
Algorab segundo Ptolomeu, é de natureza de Marte e Saturno, os dois maléficos, que são contrários à vida, que se opõem à sorte e à felicidade, e se alinham às forças destrutivas e infelizes ao ser humano e ao mundo. Algorab pode ser um mau presságio para uns, enquanto pra outros são bons, a natureza humana carrega diferenças sociais e culturais, políticas e religiosas, que para um coletivo, uma tragédia pode ser maléfica, enquanto para um outro coletivo devidas tragédias são necessárias. Algorab é a ponte dessas diferenças que envolvem o ser humano como indivíduo, e como uma parte do coletivo como um todo.
Algorab tem a haver com eliminação, o corvo é aquele animal que sobrevoa e come carniças e arranca os olhos do seu alvo, o bicando estando vivo ou não, enquanto seu corpo putrifica ou não. Algorab tem a ver com mentiras, traições, armadilhas, segredos ocultos revelados, fala sobre destruição, repulsa, maldições, ganância e insanidade.
O Mito do Corvo, cabe a duas versões, porém vou falar de somente uma. O mito percorre a Apolo (Deus do panteão grego, sendo o deus da profecia, ligado à luz da verdade, deus da caça em algumas versões) o mesmo se apaixona por Corônis e se casa com a mesma – (Apolo andava com um corvo, que era branco, com belas plumas, sendo o seu mensageiro) ao casar-se com Corônis, Apolo engravida a mesma, porém mesmo grávida, Corônis se vê tentada pela paixão do seu coração, ela mantinha um caso com Ischys, que mesmo grávida de Apolo, foi ter relações com seu amante, o Corvo ao presenciar a traição, corre sobrevoando os céus em direção a Apolo para contar a ele da traição de sua amada, mas o Corvo se esquece de que; Apolo é um Deus da profecia, ele consegue ver o passado, o presente e o futuro, então ele já sabia da traição e esperava que seu mensageiro, o corvo, arrancasse os olhos de Corônis, assim que avistou a traição. Devido a isso, Apolo lança uma maldição ao corvo, que o queima, agora o corvo é uma ave negra, com belas plumas escuras e deixa de ser branco, fazendo com que todos os seus descendentes nascessem obscuros, que naquele panteão, daria ao corvo um sinal de mau presságio, trazendo do oculto, mensagens nada agradáveis.
Dentro dessa premissa, o corvo é punido por dizer a verdade, mas cumpre seu papel. Corônis, mesmo grávida junto com Ischys, são queimados e mortos por Zeus, porém no último minuto, Apolo salva a criança, que era Asclépio, e deixa para Quíron cuidar do mesmo, ensinando a ele, a arte da cura e da caça.
Dentro desse mito, vemos Algorab (o Corvo) sendo um elemento de revelação, de um anúncio, mas que a partir da maldição de Apolo, ao queimar o Corvo, da iluminação do fogo, se revela a verdade, que surge na sombra, que muitos de nós, queremos esconder, e pelo fato de Corônis e seu amante terem sido queimados, Algorab fala de punição, destrutividade, e desgraças ocultas, que são reveladas subitamente, e como se trata de amantes, de uma traição, Algorab também reflete a traição e trapaças, está ligado a coisas lascivas, e às fofocas que nos apunhalam pelas costas. E pelo fato de Apolo ter amaldiçoado o corvo, essa estrela também está relacionada a maldições, mandigas e magia “negra” (magia negativa).
Dentro desse contexto, o Corvo é um mensageiro, que também poderíamos relacionar o mesmo com Mercúrio, o papel dele é entregar a mensagem e nada mais, dependerá de como a pessoa irá lidar com essa mensagem e vai depender também de quem está mandando a mensagem, será um inimigo oculto? Será o destino? Como ter controle sobre isso? Não temos. A mensagem que vem sobrevoando os céus, sendo entregue por uma ave fúnebre e necrófaga, mostra o quão é importante a sombra como um mecanismo necessário de revelação de uma verdade oculta pelo véu escuro da mentira.
Algorab, sendo da natureza de Marte e Saturno (representa coisas trágicas, destruição e morte) mas alinhada no signo de Libra, (signo de Vênus) também denota artes obscuras, só que belas, artes que causam repulsa para alguns e fascínio para outros, aquele tom gótico belo, que mostra a verdade através da arte da tragédia, é a morte pintada de forma sensual, é uma dor que causa prazer e vice versa.
Um artista, que era poeta, escritor e dramaturgo, era Antonin Artaud, que tinha ascendente em Libra conjunto a Algorab – Vênus que era regente do seu ascendente, estava na Casa 12 – a Casa do mal espírito, do desespero e da loucura, em uma de suas obras (Cartaz de Rodez), que é um diálogo do poeta com seu psiquiatra, em uma carta que ele envia ao seu médico, ele exclama! “Não quero que ninguém ignore meus gritos de dor e quero que eles sejam ouvidos” – através de uma carta, um anúncio (Algorab). Além de propor um teatro, que alguns chamam de teatro da crueldade, e outros chamam de teatro da cura cruel (lembre-se que da crueldade do mito de Apolo, nasceu seu filho, que foi criado por um Deus da cura e da caça).
Curiosidades: James O'Barr criador de quadrinhos, que criou O Corvo, e que na década em 1994 se tornou um filme, estrelado por Brandon Lee, James tinha Mercúrio a 26 de Capricórnio, a divisão de doze de Mercúrio em seu mapa (Dodecatemoria) Cai conjunto no grau do Corvo, como consta no Astro-Seek.
Algorab é aquela pessoa que precisa transmitir a notícia aos pais que seu filho morreu num acidente, Algorab é aquele momento em que o médico chama toda a família no hospital, para anunciar a morte de uma pessoa amada. Algorab é essa situação, que ao contar a verdade vai doer.
Para finalizar: Por ser uma ave de Apolo, sendo esse o Deus da Profecia, ligado à luz da verdade, podendo ver o passado, o presente o futuro, Algorab também rege profecias, que do desconhecido, conseguimos traduzir uma mensagem que vem de outros mundos, ou de nós mesmos, ou seja, Algorab também pode estar fortemente em mapas de astrólogos e oraculistas, que são responsáveis de dizer os bons e maus presságios sob o destino daquela pessoa ou daquele coletivo.
Referências: Tetrabilos de Claudio Ptolomeu
Astronomica de Manilius
The Greek Myths de Robert Graves.
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