PAIXÃO
Creio que podemos analisar tudo pela Astrologia, e inclusive sentimentos sendo bons ou ruins, esse texto vem inspirado de uma consulta que eu tive com uma cliente esses dias, ao perguntar em uma horária, quando ela poderia “alcançar sua maior paixão, que seria uma promoção no trabalho” e isso me fez refletir sobre a paixão. A paixão vem do grego Pathos, que pode ser considerada uma patologia e um sofrimento, só que ao mesmo tempo, um tipo de afeto, Paixão é a junção da dor junto com o prazer, e quando isso ocorre, o “objeto” qual estamos apaixonados, nos domina e ficamos dependentes do mesmo, podendo ser uma pessoa, uma idéia, uma situação, um projeto, um trabalho e etc. Astrologicamente podemos sincretizar em uma instância a priori Paixão elemento fogo, que se cria como o ascender de um fósforo, pois você tem que usá-lo rapidamente antes que aquele fogo queime você, ao invés de você fazer bom proveito daquele fogo que se ascende. Paixão é o fogo tão intenso, que cega e queima nossos olhos, nos deixando sem percepção da realidade, nos deixando passivos, mesmo tomando ações ao prol da paixão, a ação passional é uma auto servidão à desejos que não conseguimos dominar racionalmente, logo a paixão é cega, mas ao mesmo tempo ela é necessária para alcançarmos objetivos, mas quando entendemos que todo início de alguma coisa, vem acompanhada de muita paixão, mas que com o tempo, ela vai esfriar e mesmo assim, nos mantemos dentro desses objetivos, que pode ser uma relação amorosa, uma amizade, um trabalho, uma mudança de país, um projeto novo de ascensão na vida, a paixão se torna algo menos abstrato, ela se torna algo real, se torna amor. Vênus governa o amor pois se jubila na Casa 5, onde estão os prazeres, os flertes, o amor, tudo que criamos em prol de uma elevação de nossa alma, pois aspecta o ascendente por um trígono. Vênus é Afrodite, a Deusa do Amor dos gregos. Porém, Vênus também governa nossos desejos, e desejos estão conectados diretamente com a paixão, e por ordem Caldaica Vênus se alinha na Casa 12, uma casa que não aspecta o ascendente, ou seja, onde não temos visibilidade, logo o prazer, o amor se torna cego e deixa de ser amor, e se torna uma paixão que beira à obsessão, a algo fixo que fazemos e buscamos o tempo todo, sem perceber o mal que estamos causando a nós mesmos e nos outros. “O apaixonado passa a girar no círculo estreito das imagens que o obsidiam, como se delirasse.” A Casa 12 tem muitas facetas, e uma delas é o prazer e a paixão que nos leva à loucura e ao delírio, da Vênus que nasce pura numa concha ela então se fecha em um mundo escuro, só que ilusoriamente parece tudo claro e prazeroso, pois a Casa 12 é uma casa ligada ao autoengano, se tornando Vênus ilegítima, é quando o amor se torna tóxico, quando a liberdade do outro e de qualquer coisa é castrada em prol de nossos desejos egóicos. As conjunções de Marte e Vênus podem causar paixões desenfreadas, violentas e lascivas acompanhadas até mesmo de algumas parafilias e crimes passionais, Vênus com Saturno causa uma morbidez prazerosa, onde a dor do outro é a fonte do meu prazer e vice versa, causando ciúmes, sentimento de posse, principalmente se a Lua estiver ruim no mapa e o Nodo Sul ou Nodo Norte estiverem conjuntos a esses astros mencionados, Vênus mal configurada com maléficos junto com Mercúrio e os nodos, pode indicar paixões intelectuais, uma inteligência acima da média, mas que beira a arrogância e até mesmo ao plágio e à inveja, com o Sol, se os governantes da mente estiverem ruins e Vênus ruim pode indicar traços narcisistas, com Júpiter mal configurado pode indicar fanatismo religioso, paixão pelo conhecimento, mas que no fundo, no fundo, é arrogante e não aceita outra verdade a não ser a sua, acompanhada com muito moralismo, e com a Lua, pode indicar doenças mentais ligadas a dependência emocional, como o Borderline por exemplo, que pode levar um indivíduo a explodir ao ver seu objeto de “amor” sair do seu controle. Mas por outro lado, quem tem consciência e muita elevação, pode “brincar” com esses prazeres, desejos e paixões perigosas que Vênus nos oferece, não é à toa que existem os fetiches (também regidos por Vênus), que de vez em quando podemos fazer bom uso dos mesmos, para não sermos dominados pela paixão e perder o controle da mente. Afinal, a paixão é o início de algo, o fogo que ascende uma fagulha mínima do Espírito, para então com o tempo, a paixão se tornar vital ao prol do amor.
- Bruno Bernardes
