sábado, 8 de janeiro de 2022

CAPRICÓRNIO - A Foice de Saturno




E o inverno chega no Hemisfério Norte, trazendo a última estação do ano, Capricórnio traz a ruptura de um ciclo, iniciando a última estação do ano, por isso Saturno, seu governante, é o senhor da morte, é frio e limitante. Algumas flores e frutos morrem, e a esperança antes moldada em Sagitário, sua última chama se apaga, e passamos pela escuridão, é hora de conservar os recursos de sobrevivência, e usar apenas um pouco desses recursos para eles duraram o tempo suficiente, a disciplina é imposta ao mundo de forma feral e visceral, e chegamos ao tempo que não existe vida sem resistência, não existe vida sem responsabilidade, pois um mundo sem estrutura esvanece na neve e morre no frio da noite. Em Capricórnio conhecemos a disciplina, a restrição e o limite.


No entanto, por ser um signo Cardinal, em que inicia uma estação, Capricórnio e seu senhor, representa um poder necessário para devidas mudanças, que a depender de como se toca esse poder, o mesmo pode nos levar ao alto cume da montanha, e alcançar os níveis mais altos de existência somente se houver disciplina e humildade, porém independente do poder, de como se alcança ou não, se não for usado corretamente, cria-se a loucura e a tirania. Por outro lado, indica aquele poder obtido com muito suor e labuta, que quando bem conservado e direcionado, cria-se um tipo de saber mais rígido, um estudo das camadas duras da vida, um processo pouco mais sombrio, porém eficaz para a sobrevivência.


Capricórnio é o domicílio noturno de Saturno, um planeta diurno, Capricórnio é a sombra luminosa, uma luz sombria necessária para iluminação daquilo que estava oculto nos cantos do mundo, e nos cantos mais secretos do nosso interior. Capricórnio está ligado ao mistério sagrado, que poucos desvendam. Escorpião que também carrega esse simbolismo, rege as águas mais profundas da criação, já Capricórnio nos reflete a Cabra com Cauda de Peixe, enquanto a Cabra representa a matéria e a realidade física, a razão e a lógica do elemento terra. A sua cauda vai até o fim do oceano e atravessa o centro da terra, refletindo tudo que está além de nossa compreensão, reflete a aceitação da finitude dos ciclos temporais da vida. Em Capricórnio conhece a impermanência.


Capricórnio reflete o desconhecido, pois rege o tempo, ninguém sabe com exatidão o que vai acontecer de um minuto para o outro, pois a morte se esconde e nos vigia pelos movimentos dos ponteiros do relógio, a qualquer momento pode ser a nossa hora.


Capricórnio, apesar de ser frio e seco, noturno e taciturno, morada de Saturno, a Cabra com Cauda de Peixe, está ligado a Pã, o Deus Sátiro, que vive nos bosques dançando e perseguindo as ninfas, para satisfazer sua grandiosa libido. Logo Capricórnio reflete a oportunidade de viver o fluxo incontrolável da natureza, mesmo em dias frios e escassos. Existe o prazer e o poder manifestado na matéria, que quando alcançado, se torna algo além do que apenas carnal, mas algo sagrado e valioso. Em Capricórnio descobrimos que o prazer é algo natural do ser humano, faz parte do nosso instinto de sobrevivência, e ele deve ser saciado de todas as formas que desejamos. Prazer e poder quando saciados dentro das leis do tempo, se torna sagrado.


Pã o Sátiro, reflete em Capricórnio, o sarcasmo, o deboche, o riso malévolo, é rir mesmo dentro das duras entranhas da realidade, é rir e sorrir junto com a morte, é o humor que dói e corrói por dentro, mas que não deixa de ser verdade e realidade. Capricórnio rege o humor melancólico moldado por Saturno, é ríspido, seco, bruto, destrói as ilusões de uma falsa alegria, e mesmo quando se trata de algo verdadeiro, sabe que esse momento não irá durar para sempre, é pessimista, pois sabe o que há além de um sorriso, pois conhece a dura verdade que não há sorrisos sem lágrimas, sabe que não existe a felicidade sem antes saber como é a tristeza. A melancolia de Capricórnio é arte da realidade, é a lágrima que escondemos dentro de nossos próprios olhos.


A melancolia de Capricórnio, aos moldes de Saturno, pode esfriar as nossas mentes e alcançarmos a contemplação da alma. Nos dando a disciplina da concentração e do foco, ao ato de observar com olhar clinico o interior de nós mesmos, ao estudo do oculto, que apesar de ser um signo de terra, que reflete a matéria e tudo que é tangível e sólido, Capricórnio com sua cauda de peixe, reflete também a contemplação espiritual em conexão com estudos místicos. Aliás, o chifre do bode e da cabra, são inclinados para cima, para o alto, e são símbolos de poder tanto a nível material, quanto a nível espiritual, representando a conexão com o divino. Ninguém chega aos céus sem passar pela dura montanha de Capricórnio, é degrau por degrau.


Capricórnio reflete as lágrimas que choramos esclarecendo as nossas dores, mas a lágrima é um liquido úmido, difícil de cair em terreno seco e frio, por isso quando temos Saturno sendo o governante da alma de um indivíduo, existe a dificuldade de chorar, de colocar suas dores para fora, pois sua natureza é oposta à umidade de uma lágrima. A lágrima é saturnina, pois é amarga, pois reflete as feridas da alma.


Capricórnio e seu senhor rege tudo aquilo que é duro, tudo que estrutura, os ossos, os tijolos de um prédio, as pedras brutas que encobrem uma montanha. As cavernas que uma vez dentro delas, pode-se alcançar as entradas para o submundo e descobrir os segredos da vida e da morte, e o que há além dela. Ou simplesmente, diante essa caverna vemos as sombras que refletem em suas paredes, mostrando a realidade que nós mesmos evitamos de encarar, Capricórnio traz esse tempo de ver que nem tudo é conto de fadas, que a “positividade” não causa milagres, e o único jeito de sobreviver é encarar seu reflexo sombrio nas paredes da caverna.


Capricórnio a caverna, que nos leva a reflexão e a solidão necessária, conectando-nos ao nosso interior inóspito desconhecido, desvendando camadas da nossa existência que até então não sabíamos da tamanha complexidade do nosso ser.


Capricórnio é a morada de Saturno, mas recebe com honrarias em seus domínios, o guerreiro celeste dos céus, o planeta Marte. Em viés negativos, Capricórnio pode refletir a tirania, a opressão, a violência e o prazer ao manifestá-la, Capricórnio é a morada dos dois maléficos, reflete o perigo, a dor, e assim como Pã perseguia as Ninfas e assustava quem passava pelo seus bosques e se deleitava pelo medo que ele mesmo causava, Capricórnio reflete o pânico, o medo e o lado maquiavélico do mundo e da existência e que devem ser combatidos. Porém, quando bem direcionado Capricórnio reflete a capacidade construir estruturas que duram milhares de anos ou para sempre, como monumentos, museus, artefatos, esculturas que perpetuam a imortalidade de um evento ou construção em nossa história, como as pirâmides do Egito por exemplo. Capricórnio reflete tudo que é antigo e conservado, e que hoje é considerado algo de grande valor em nosso mundo.


Capricórnio, exílio da Deusa, exílio da Lua, astro frio e úmido, que não se sente a vontade dentro da secura imposta pela montanha rígida de Capricórnio, reflete as vezes a apatia, o abandono, o isolamento, a frieza, a solidão, o rancor e a rigidez na alma, mas ao mesmo tempo Capricórnio oferece triplicidade a Lua quando de noite, e a Lua sendo um luminar que reflete o corpo, reflete a dor e a responsabilidade (Saturno) que precisamos vivenciar no corpo e na alma, conhecendo as nuances da sombras da mente, e pela jornada labiríntica das cavernas de nossos ciclos temporais, encontrar a saída de nossas ilusões, conhecendo a realidade.


- Bruno Bernardes

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