Dodecatemoria (ou duodécimo) ou simplesmente doze partes ou doze porções, é a subdivisão de cada signo zodiacal dividido por 12 partes, cada signo tem um espaço de trinta graus, dividindo 30 por 12, chegamos a uma fração de 2,5 cada, assim encontramos uma micro divisão no mapa zodiacal. Para descobrir a Dodecatemoria de um planeta ou ângulo, pegamos o grau e os minutos da longitude e multiplicamos por 12, o resultado do grau somamos com o resultado dos minutos divididos por 60, assim criando os graus de distância do planeta radical à sua dodecatemória. A partir deste cálculo podemos analisar as dodecatemórias de todos os planetas na carta natal, incluindo os ângulos (Ascendente, Meio do Céu, Fundo do Céu, e Descendente), assim vamos descobrir uma camada “secreta” do mapa, para chegarmos a testemunhos que não são visíveis a olho nu na carta natal radical. Assim cada planeta vai alcançar uma fração da dodecatemória na eclíptica, mostrando então uma camada nova para testemunhos complementares refinando a análise com mais detalhes.
A Dodecatemoria pode ser usada em cartas natais, eletivas, horárias, revoluções e até em mapas de nações – o que importa mesmo é a interpretação. A Dodecatemoria surgiu antes da era helenística na Babilônia, e muitos autores como Manilius, Dorotheus de Sidon, Vettius Valens, Paulus Alexandrinos, Ptolomeu e principalmente Firmicus Maternus usaram as dodecatemórias em suas obras, “Firmicus afirma que tudo que está oculto no gráfico pode ser revelado pelas dodecatemórias”. Masha’llah, um astrólogo judeu persa, usava a dodecatemória do ascendente e do regente do ascendente, para descobrir intenções ocultas do consulente em horárias.
A interpretação varia de autor para autor, o jeito mais simples é ver as Dodecatemorias dos planetas e como elas se aspectam com os planetas e ângulos natais, além também de ver a força e dignidades que o planeta ganha ou perde, (domicílio, exaltação triplicidade, termos, face, ou exílio e queda) – Exemplo fictício bem simples; um governante da nação, analisa-se o Sol como seu reinado, mas o mesmo tem Sol em exílio e cadente e ainda sofrendo aflição dos maléficos, mas pela dodecatemória do Sol, o mesmo cai no ângulo do MC e fica em domicilio recebendo aspectos das fortunas Vênus e Júpiter natais e em trígono com a Lua natal, assim ganhando a notoriedade pública, mesmo tendo significadores de governança e liderança ruins no mapa radical.
De qualquer forma é preferível que Vênus e Júpiter fiquem em casas angulares em relação ao mapa Natal radical, ou caia nos signos da Lunação anterior ao Nascimento, Lua, Sol, Parte da Fortuna ou Mercúrio, e que os planetas maléficos não se interajam com os doadores de vida (Lua e Sol) ou com o regente do ascendente e Parte da Fortuna, e com os regentes da mente (Mercúrio e Lua), também é preferível que os maléficos não caiam em casas angulares. (1,4,7,10).
Um exemplo que posso dar é de Helena Blavatsky, uma ocultista do século 19 que formou a Sociedade Teosófica que visa sobre “doutrina, lei, dever, direito, justiça, virtude, carregando o lema “Não há Religião superior à Verdade” (o que no mínimo são palavras chaves para Júpiter e Sol) Blavatsky nasceu com o regente da 9 sendo Júpiter, e a dodecatemória de Júpiter conjunto ao Sol em Leão, testemunhando a espiritualidade e seus ensinamentos. Outra curiosidade no mapa dela, é a morte precoce da mãe, que morreu quando ela tinha 11 anos de idade, a Lua é a mãe, e a Dodecatemoria da Lua está no signo de Saturno (Regente da 8), segundo Rhetorius quando a Lua cai em signo de Saturno ou sobre Saturno a mãe será subjugada ou vítima, ou sofrerá algum tipo de dano, e a Dodecatemória de Saturno cai sobre a Lua Natal, testemunhando a morte precoce da mãe; olhem o mapa abaixo - (os planetas exteriores são as posições das Dodecatemorias)
Outra coisa interessante é que Blavatsky era médium e tinha contato com os mortos entre outros seres como Anjos e Daimons, ela nasceu com o regente do ascendente e da Fortuna na Casa 04 (um local que segundo Valens fala de magos que vão ter "revelações de deuses através de visões de formas fantasmagóricas"). Junta-se isto ao fato da Lua estar fazendo trígono a Júpiter Natal e aspectando a dodecatemória de Júpiter, testemunha-se seus dons psíquicos e mágicos, e como está recebendo conjunção da Dodecatemoria de Saturno – regente da 08 e 07, locais que falam da morte, mostra-se o seu contato com o mundo oculto e com os espíritos.
De qualquer forma é preferível que Vênus e Júpiter fiquem em casas angulares em relação ao mapa Natal radical, ou caia nos signos da Lunação anterior ao Nascimento, Lua, Sol, Parte da Fortuna ou Mercúrio, e que os planetas maléficos não se interajam com os doadores de vida (Lua e Sol) ou com o regente do ascendente e Parte da Fortuna, e com os regentes da mente (Mercúrio e Lua), também é preferível que os maléficos não caiam em casas angulares. (1,4,7,10).
- Bruno Bernardes
Referências:
Astronomica de Marcus Manilius
Mathesis de Firmicus Maternus
Anthology de Vetius Vallens
Carmen Astrologicum de Dorotheus de Sidon
On Hidden Things de Masha'llah
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