Trechos da Alma
Escrevo esse texto de madrugada, em um romper de um sono turbulento. Lua, regente da Firdaria Maior da minha Natividade, hoje ativou a Casa 8. Fez trígono com Mercurio natal na 12 que também está ativa por profecção do ascendente dirigido por termos. Ou seja, aliou-se ao Mal e a Sombra. Usando os governantes da minha mente. Insônia, medo e coração acelerado, suor quente de um corpo seco, e alma colérica que despertou de um local assombrado. Uma sensação de solidão perfurante, como se eu tivesse acordado em um mundo apocalíptico. E percebo que a irrealidade tem muito mais verdade do que no mundo palpável. O mundo concreto tem um véu que nos acomoda em diversas ilusões de óticas, nas dispersões da minha mente agora sou um corpo que cai, vejo um outro mundo que ninguém gostaria de ver e nem sentir. O mundo cheio de monstros e traumas. Acordei nos portões do mundo inferior, tive uma pequena memória de onde a minha alma já vagou em outros tempos e dimensões. E tive medo de voltar para lá. Pois sei que o destino ainda não se cumpriu. O inimigo interior é aquele que nos faz acordar, zombando de nossa finitude. Devo imaginar que a morte seja assim, solitária. E nós, seremos seus breves companheiros de viagem. Apesar de que, a morte pode ser uma boa companhia e uma boa amiga, quando aceitamos a sua sombra, quando aceitamos que abaixo do véu corporal, somos iguais a morte, posso afirmar que além da cruz que carregamos, também carregamos uma foice, um cajado, que pode nos libertar de um sono turbulento, nos libertar de amarras e dores de outrora, ou nos aprisionar dentro de nós mesmos. Pois a pior prisão é aquela que nós mesmos nos trancamos em alguma cela assombrosa de nossa mente labiríntica. Eu acendi uma vela. Orei para o mundo, e pedi para que as virtudes afastem os pecados que profanam a paz do Espírito, esse regido pelo Sol. Pois o mesmo se encontra submerso na minha Casa 12, e sim, existe casas mal assombradas, essas casas são os nossos corpos. Vocês conseguem aceitar que a vida é uma longa morte? E que a Morte é a extensão da jornada de nossas almas, e que ela é a raiz de toda a existência?
- Bruno Bernardes